A CASA CEREJEIRA


O espírito do lugar


Só as casas explicam que exista uma palavra como intimidade, afirma Ruy Belo num dos mais belos poemas que fala de casas e da vida das casas. "Oh as casas as casas as casas...", o poeta convoca o espanto e sustem a respiração para não acordar as casas que habitam em nossas memórias. Incita-nos a visitar, escutar e até mesmo a apalpar as casas, "mudas testemunhas de vida".
As casas nascem e morrem com as pessoas e pelas pessoas. Sem casas não há ruas e sem pessoas não há casas. Nada melhor do que a poesia, o melhor da lírica portuguesa, para nos introduzir no espírito do lugar, na intimidade desta tão especial e vivida "Casa Cerejeira" que agora abre uma parte de si, da sua intimidade, a quem a escolheu para, através dela, viver um momento especial ou passar uma agradáveis férias.
A casa sente-se orgulhosa de ter sido escolhida, enfeita-se e sorri. Torna-se leve, veste-se de verde de todas as cores, abre as janelas e ajeita-se ao gosto de quem a procura. Talvez por essa razão se respira melhor quando se chega a casa. Esta casa pulsa, sente-se respirar.
A "Casa Cerejeira" tem uma vida antiga com gente dentro. Uma vida antiga, densa e pesada como as pedras de granito que ressoam águas passadas nos muros musgados dos húmidos invernos nortenhos, mas tem também uma vida nova, muito leve e fresca, aromatizada em cada nova primavera por glicínias, rosas de Santa Teresinha e ... outras rosas e roseiras, veludos de muitas cores, camélias, hibiscos, jasmins, lilases, muita água e, naturalmente, cerejeiras, belíssimas cerejeiras, brancas flores que dão cor e leveza ao lugar. São rendas, senhor, são rendas ... mas o mais importante é que se respira. Respira-se o lugar, sente-se o sabor das coisas da terra e isso é o mais importante. E há pássaros para descobrir, acordes primordiais em cada nascer do dia. Intimamente, a "Casa Cerejeira" abre as suas portas, abre-se. Respire fundo ... está no verde Minho e o Porto aqui tão perto.

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